segunda-feira, 3 de agosto de 2015

CRIL. agosto de 2014.

Acorda. Pelo amor de deus, acorda. Não me faças isto, pelo amor de deus. Reage. Oh meu deus. Foi tão rápido. Aguenta-te, vem já aí ajuda. Já estão a parar ali. Chamem uma ambulância. Chamem uma ambulância. Pelo amor de deus acorda. Eu não queria dizer-te aquilo, estamos sempre a gritar por coisas de nada, não é? Mas agora tu vais recuperar e ficar bem. Estás a ouvir? Vais ficar bem. Já vem a ambulância e vais ficar bem. Acorda. Volta. Não interessa o carro, não interessa nada. Cheiras tão bem. Pelo amor de deus não me faças isto. Tens o cabelo a tocar nos rails, desculpa deixar-te a cabeça para trás, só preciso de ouvir se ainda bates. Não ouço nada, não ouço nada. Desculpa abanar-te, mas reage. Pelo amor de deus reage. Não sei nada, não sei o que aconteceu. Acho que desmaiou, não sei. NÃO DIGAM ISSO, NÃO ESTÁ NADA MORTA. Pelo amor de deus, reage. Precisas é de ar fresco na cara, sim. Estás cá fora para apanhar ar. Vais ficar boa. Vais ficar boa. ESTOU-ME A CAGAR PARA O CARRO, DEIXEM A MERDA DO CARRO AÍ. Abre os olhos, meu amor. Desculpa o que te disse, não interessa nada, só preciso que não me deixes, não me faças isto, pelo amor de deus. Acorda. Pelo amor de deus, acorda.