sexta-feira, 24 de julho de 2015

o banco do jardim de porto covo.

«Ó vó, empresta aí 27 euros. É uma prancha.»

«Este geladinho sabe mesmo bem. Até os diabetes estão a gostar. Com este calor. Está melhor, esta manhã saiu um nevoeiro do mar, viste ó José, mas saiu mesmo. Olha lá a altura desta rapariga. Porque será que as pessoas agora crescem tanto? É como a cunhada que abalou para o Brasil. Disse que ele tinha mil pares de cuecas. Quem é que diz uma coisa dessas. Está como aquele lá que meteu a bomba e matou aquela gente toda. É assim mesmo: são pessoas que têm um cérebro grande demais. E aquela rapariga que morreu ontem? Ela também já não fazia figuras capazes. Custava a assegurar-se. O mundo tá uma coisa que a gente não compreende. A gente não tá posto a ideia dos outros dentro da nossa. Uma pessoa está sempre a dizer, calha dar um aviso e não serve de nada. É como aquela coisa de a juventude ir às discotecas, aquilo é tudo para se porem a dançar e jogarem pesos e garrafas uns aos outros para abrirem as cabeças. Pois ontem também morreram mais dois. Num acidente de carro. Claro, a andarem para aí de noite, vem o outro e mata-os. A coisa acontece de toda a maneira, pois. É desastres, é doenças, está tudo de uma maneira que uma pessoa que tem alguém nunca está sossegada. Olha aquela mulher que vai ali. Xi, que tamanho. Se uma mulher assim tocasse na gente, a gente não se mexia. É uma coisa desmarcada, uma forçaria que não fazes ideia. E a roupa dela?... Nos novos a gente gosta de ver porque fica tudo bem. Agora aquelas velhas da minha idade que querem vestir saias curtas... Eu agora agarrei-me às calças: tenho medo de embicar e cair e a coisa assim protege. Eh a senhora desculpe. A gente aqui a falar e se calhar incomoda, né? Está aí a escrever, se calhar faz-lhe confusão que a gente estêjamos aqui a falar.»

Deixem. Não, à vontade. Nem estava a ouvir. Estou só aqui a apontar umas coisas... ;)

(Publicado pela primeira vez a 24 de julho de 2011)

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