quarta-feira, 15 de abril de 2015

check-up.

Tiro a camisola e descalço-me, a ver se o coração está bem. Ploc. Ploc. Ploc. Bu-bum. Pode vestir.

Olho as formas dos calcanhares das meias quando as visto. Novas a estrear, e nunca mais serão as mesmas.

Posso continuar a usá-las, claro. Lavá-las e usá-las outra vez. Lavá-las e usá-las outra vez. Casá-las, enrolá-las, ver que têm um buraco, dar-lhes um nó até coser o buraco – bem, já ninguém cose buracos.

Por vezes, as meias novas duram uma só vez, e logo deixam de se poder usar. Passam de novas a velhas num dia só. Aquela unha, aquele sapato, este material que não presta. Lixo.

Nem sempre é fácil perceber a qualidade das meias a olhar para a embalagem. Umas meias caras podem não valer nada afinal. Além disso, o encanto das novas esvai-se na primeira lavagem. Já não se sente o mesmo, um borboto, uma das duas a fugir para outra máquina qualquer. Bolas. Um branco-rosa. Bolas. Um branco-sujo. Nem a lixívia resolve. Nem com lixívia.

Casamos as meias uma e outra vez até ao dia em que ficam desirmanadas. É a altura de as deixar ir. De as mandar embora. Mesmo quando as calçamos, por serem só uma sem par, não servem para nada. Acabou.

Bom colesterol elevado, açúcar baixinho, funções do fígado impec, raio-x tudo bem. Bu-bum. «Sabe que mais? Tem o coração pingado.»

Eu sei.

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