Hoje sonhei que te perdi. Já aconteceu, perder-te por minutos, olhar para ti, ali onde estavas a brincar, e já lá não estares. Procurar-te com o coração a mil e depois encontrar-te. Hoje foi diferente.
Sonhei que estávamos naquela terra, e que o envolvimento das pessoas era lânguido e promíscuo. E havia tanto que eu não percebia. Havia uma piscina, no meio da sala havia uma piscina, tão grande que se podia vir para fora, para a beira, e saltar. Via-se o fundo com tacos de madeira, as beiras da piscina com tacos. E era tão funda... E tinha, o quê?, uns 50 metros.
Eu mergulhava, nadava, tenho tantas saudades de nadar, e depois não te via, perdia-te. Saía de fato de banho e perguntava se te tinham visto, onde estavas, que és assim, tolo e distraído, e poderás estar desorientado. Onde poderás estar desorientado agora?
Saída da piscina, ia descalça para a relva. Sobre a relva a gritar o teu nome. Subitamente, já não estava na sala, estou fora a gritar o teu nome. Henriqueee! Chego àquele edifício, e grito para a varanda: Tânia, Maria, viram o Henrique? Não, vão para dentro, procurar, ver se lá está. Parece um farol, um moinho. Entro para procurar também.
Lá dentro, tum-tum-tum-tum, batida de música disco, fumo de tabaco no ar, beijos entre as pessoas, álcool. E onde está o Henrique? Não me agarrem. Onde está o Henrique?
Ninguém sabe. Procurem comigo. Preciso de todos a procurar. Espera. Estou à procura há cinco, dez minutos. Basta: vou ligar à polícia. Onde tenho o telemóvel? Preciso do telemóvel. Preciso de um telefone qualquer. Viram o Henrique? Alguém tem um telefone? Ai, estas pernas que não andam, quero correr. O que se passa com estas pernas? Henriqueee! Anda à mãe, filho. Não me faças isto. Ai, meu deus, onde estás tu? Viram o Henrique? Alguém tem um telefone? Henriqueee!
Ah, estás aqui. Ai, ainda bem que aqui estás. Achava que te tinha perdido. Então agora vens sempre para a caminha da mãe durante a noite, é? Pois, estamos com tosse. Tu e eu; temos de ir ao médico. Hoje vamos ao médico. Agora deixa-me abraçar-te só um bocadinho. Já vamos ver bonecos. Vou ensinar-te o meu número de telefone. E a morada desta casa. Vamos decorar? Repete comigo. Já estás crescido, se te perderes vais-te safar. Agora deixa-me abraçar-te. Vamos ficar assim só mais um bocadinho.
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