terça-feira, 20 de janeiro de 2015

viver.

Te olho nos olhos e você reclama
que te olho muito profundamente.

Desculpa.
Tudo que vivi foi profundamente.
Eu te ensinei quem sou
e você foi-me tirando
os espaços entre os abraços.
Guarda-me apenas uma fresta.

Eu, que sempre fui livre,
não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse a possibilidade
de me inventar de novo.

Desculpa... se te olho profundamente,
rente à pele,
a ponto de ver seus ancestrais
nos seus traços.
A ponto de ver a estrada
muito antes dos seus passos.

Eu não vou separar as minhas vitórias
dos meus fracassos,
eu não vou renunciar a mim,
nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser,
vibrante, errante, sujo, livre, quente.


Eu quero estar viva e permanecer
te olhando profundamente.

Ana Carolina
(obrigada, Laís)

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