Crescemos a quererem ensinar-nos que ganhar e perder é tudo desporto. O tanas.
Se o objetivo é ganhar o jogo, perdê-lo não é o mesmo que ganhá-lo. Uma coisa é querer subir de divisão, comê-los a todos, conquistar a garina, mostrá-la aos amigos, comprar aquela máquina, levá-la aos 190 na ponte Vasco da Gama. Outra é descer de divisão, querer casar com a miúda e levar com os pés, estampar-se contra um poste.
O que temos de manter em mente é que há sempre mais campeonatos, mais miúdas, mais carros (se não morrermos na ponte). E que há que distinguir o sonho da realidade, e sonhar alto demais acaba sempre por nos fazer cair.
Escrevo isto do aeroporto, onde vou encontrar uma equipa de guerreiros, que trabalharam durante o último ano como nunca vi nenhuma equipa trabalhar. Com dor, a perder peso, a magoar até formar músculo, mais músculo, a acreditar no sonho, a acreditar que a nódoa negra que dói vale a pena. Quero explicar-lhes que compreendo que não ganhar os pode fazer tristes, mas que cada um é um vencedor. Que isso conta, que se lixe o desporto, há a falta de apoio à modalidade (as restantes equipas tiveram direito a levar mulher, filhos e cão para a bancada; nós ficámos cá a apoiar no youtube), há a falta de visibilidade dos desportos paralímpicos (o que é o goalball, afinal?), há o fosso abissal entre o apoio dado ao meu filho e a um jogador da seleção de futebol, de basquetebol, de andebol até.
Há apoiantes do youtube por todo o lado, os nossos amantes invisíveis que ficam sempre orgulhosos de nós. Independentemente de termos ganho ou perdido. E é para esses que vale a pena continuar a lutar.
"Foi mesmo até ao último minuto, estava nosso." Pois, é triste, mas é assim mesmo. Faz parte da vida e do desporto.
https://www.youtube.com/watch?v=CU6id0U2hGA
(Publicado no meu facebook a 29 de setembro de 2014)
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