sábado, 20 de dezembro de 2014

joão.

Não parece ter 18 anos mas tem. Saiu de casa e foi viver como único português entre os espanhóis daquelas bandas. As aulas na faculdade começaram, difícil e exigente, como tudo – nem imaginas, mãe! -, os treinos mantiveram-se, veio a Portugal para estagiar com a seleção nacional. Da primeira vez, quando o estágio foi em Lisboa, tinha mazelas por todo o lado, joelhos, anca. Desporto exigente, o goalball, daqueles que não parecem, mas o são. Os jogadores que se entregam ficam literalmente partidos no final de cada treino e diz quem treina que é ainda assim viciante. Da segunda vez que veio, como o estágio foi no Porto, só pude falar com ele ao telefone, e estava “ótimo, não te preocupes, mãe, não, não estou nada magoado, estou fino mãe, não, os joelhos estão bem, ótimo, cem por cento, não te preocupes”. 

Só passaram três semanas. Diz que a vida dele é a correr de manhã à noite, e que tem estudado no avião. Quando o vejo no Skype, parece-me cansado, mas parece que é sempre assim que as mães veem os filhos que saem de casa para estudar ou casar (estás mais magro, filho; andas a alimentar-te bem?). Sempre que o questiono, diz-se “todo roto”, mas realizado, feliz.
Não parece ter 18 anos, mas tem. 

(Publicado no meu facebook a 15 de setembro de 2014)

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